"Penso que este aumento não resolve o problema dos trabalhadores, cuja necessidade é um maior poder de compra, mas os valores em referência são insuficientes para cobrir as despesas de uma cesta básica, por exemplo. Tudo indica que a intenção é meramente eleitoralista", disse ao Novo Jornal o deputado da UNITA, Alcides Sakala.

Um outro deputado da UNITA, Ernesto Mulato, observou que o aumento do salário mínimo nacional "aponta ser uma atrapalhação que concorre com o momento pré-eleitoral no País e a rejeição pela população do partido que suporta o regime".

"Não passou um mês desde que o Presidente disse à Nação que não havia condições que pudessem sustentar um aumento de salário na função pública e hoje é já possível, e, como sempre, não se explica o milagre ocorrido que vai permitir o aumento dos salários", acrescentou.

Para o deputado, "tudo tem a ver com o voto, não houve consulta com quem quer que seja e espera-se que o povo não caia mais nas mentiras dos últimos 20 anos de paz".

O parlamentar lembrou que, em 2008, a UNITA propunha um salário base de 50 mil Kwanzas, equivalente, naquela altura, a 500 dólares norte-americanos.

"Hoje, 50 mil kwanzas é equivalente a quase 50 Euros. Logo, não vai ajudar. O País precisa de ser reestruturado em todos os sentidos da governação".

O presidente da CASA-CE, Manuel Fernandes, também considera eleitoralista o aumento do salário nacional, frisando que o Orçamento Geral do Estado (OGE) não acautela esse aumento.

"A fraca produção nacional e a inflação continuam a pressionar os preços dos produtos da cesta básica. Este aumento não resolve problema", frisou Manuel Fernandes, salientando que não entende pois o Presidente da República disse recentemente que não havia condições para o aumento de salário na função pública.

Mas, na sua opinião, um aumento do salário mínimo aceitável não pode estar abaixo dos 100 mil kwanzas.

"Mesmo com as medidas do Executivo que referentes à suspensão temporária do pagamento de direitos aduaneiros de produtos como arroz, carne de porco, carne seca de vaca, coxa de frango, grão de milho, óleo alimentar e leite em pó, continua o aumento de preços", concluiu.