A Rede Angolana das Organizações e Serviços da Sida (ANASO) regista, em média, pelo menos 15 denúncias por dia de contaminação dolosa por VIH/Sida. As queixas são, geralmente, de mulheres e estudantes entre os 15 e 45 anos, com dificuldades sociais, enquanto os contaminadores são adultos com mais de 50 anos e com "alguma saúde financeira". Os dados foram avançados ao Novo Jornal pelo presidente da ANASO, que coloca as raparigas da faixa etária dos 15 aos 25 anos como o grupo de maior preocupação.
Embora não avance dados estatísticos, António Coelho sublinha haver também registo de homens na lista de pessoas que tenham sido contaminadas com VIH/Sida de forma intencional pelas parceiras com quem mantiveram relações sexuais.
"As denúncias recaem para os adultos com mais de 50 anos, que continuam a promover o fenómeno das "catorzinhas", principalmente nesta altura do campeonato, em que a crise social se agravou e as pessoas estão mais expostas a essas situações", lamenta.
Sem citar nomes, o responsável diz que as figuras públicas e as pessoas com "saúde financeira" são as mais mencionadas nas denúncias que a ANASO recebe.
Entretanto, em 2022, em declarações à imprensa, António Coelho considerou membros do Executivo, deputados, empresários, polícias e militares os "culpados" pelo crescimento da contaminação voluntária por VIH/Sida no País.
Apesar de reconhecer haver, cada vez mais, denúncias sobre contaminação dolosa do Sida, o líder da ANASO não tem dúvidas de que o que vem à tona é apenas a ponta do iceberg. António Coelho, em entrevista ao NJ, explica que "muitos casos" são silenciados pelas próprias vítimas, devido ao estigma e à discriminação.
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