Detectada na África do Sul, Hong Kong e Botswana, esta nova variante tem como característica principal o seu número elevado de mutações.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, escreveu no Twitter, a sexta-feira, que "é preciso activar o travão de emergência para interromper as viagens aéreas da região da África Austral" devido à preocupação com a variante B.1.1.529, isto já depois de, na noite anterior, ter sido anunciado pelo Reino Unido a decisão de introduzir novas restrições às viagens de e para seis países africanos, incluindo a África do Sul, devido à crescente preocupação com a mutação do vírus recém-descoberta.
Também a Alemanha, a Itália e a Holanda anunciaram logo restrições a viagens de e para a região. E, na noite de sexta-feira, chegou a notícia de que Portugal, onde ainda não foi registado nenhum caso desta variante, passa a obrigar os passageiros da África do Sul, Botswana, Swazilândia, Lesoto, Namíbia e Zimbabué a ficarem em quarentena durante 14 dias. A partir das 00:00 de segunda-feira, 29 de Novembro, os voos de e para Moçambique vão ser suspensos.
Mas a Ómicron já chegou à Europa, onde foi detectado pelo menos um caso, o que activou imediatamete o alerta, com autoridades de vários países a temerem uma subida de casos relacionados com esta nova estirpe. Nos Países Baixos, que restringiram os voos dos países africanos com casos confirmados, dezenas de passageiros chegados a Amesterdão provenientes da África do Sul estão a ser testados e vão ser colocados em quarentena.
Os estudos estão em curso e dirão se a variante Ómicron será mais ou menos letal do que a Delta, que é a que actualmente mais mortes e contágios provoca em todo o mundo, e ainda se se trata efectivamente de uma variante com alta mobilidade, apesar de, até ao momento, terem apenas sido encontradas cerca de duas dezenas de casos confirmados.
O outro ponto em interrogação é se se trata de uma variante capaz de iludir as vacinas ou se é susceptível de ser por estas controlada.
Para já, o principal palco desta variante altamente mutável é o Botsuana e a África do Sul, tendo Hong Kong surgido neste mapa porque uma pessoa com esta estirpe viajou recentemente para a África do Sul.
Os cientistas citados pelos media especializados referem que o facto de surgirem novas variantes por si só não é nada de especial, porque sucede comummente, acabando por desaparecer naturalmente quando são de menor transmissibilidade que a ou as dominantes nessa geografia.
Esta decisão da União Europeia pode voltar a encerrar a porta a quem queira sair de Angola tendo como destino a Europa, mas Portugal, principal destino europeu dos angolanos e onde reside e trabalha uma grande comunidade portuguesa, descarta, para já, essa hipótese.
Mas a variante Ómicron pode ser uma dor de cabeça para o País, pois, com perto de 34 milhões de habitantes, Angola mantém, de acordo com o registo da Universidade Johns Hopkins, um dos registos mais baixos do mundo de vacinação, com 8,3 % da sua população imunizada (8,7 milhões de doses administradas e 2,6 milhões de pessoas com vacinação completa), que compara mal com os países vizinhos (Namíbia, 11,4% - Botsuana, 18,1% - África do sul, 23,8% - Moçambique, 9,8% - embora não exista falha de vacinas, estando mesmos os postos criados para o efeito às moscas ou pouco mais.
Com esta escassa percentagem de população vacinada, se o País for invadido por uma estirpe com elevado grau de letalidade e transmissibilidade, e que tenha maior capacidade patogénica sobre a população mais jovem, uma tragédia pode estar ao virar da esquina, como têm advertido os especialistas da Organização Mundial de Saúde que apontam a imunização como a melhor forma de prever tal cenário.