De acordo com uma das subscritoras do protesto, Albertina Navemba, a acção foi assinada por cidadãos anónimos e figuras conhecidas da sociedade, incluindo deputados à Assembleia Nacional.
Em declarações à agência Lusa, Albertina revela que a iniciativa contesta o "favorecimento" ao MPLA "em detrimento dos outros partidos", na cobertura noticiosa da pré-campanha eleitoral que tem sido feita pelos órgãos públicos de comunicação social, nomeadamente a Televisão Pública de Angola (TPA), a Rádio Nacional de Angola (RNA) e o Jornal de Angola (JA).
O argumento é o mesmo que tem sido invocado pelos partidos da oposição: os meios estatais "enveredaram por uma postura que vicia completamente o processo eleitoral".
"Não é o MPLA nem muito menos o seu candidato que os sustenta. Eles devem algum respeito aos cidadãos angolanos, devem respeito à Constituição da República e é neste sentido que, juntando, então algumas provas fundamentais que nortearam a sua postura em termos de tempo de antena para favorecer o partido no poder, decidimos mover esta acção", explicou Albertina Navemba à agência Lusa.
Lembrando que a Constituição impõe tratamento imparcial pela imprensa pública dos partidos políticos, e que a lei dos partidos políticos também exige que os órgãos públicos de comunicação social tratem de forma igual todos os actores políticos, Albertina sublinha que o trabalho desenvolvido pela TPA, RNA e JA "configura-se num desrespeito a lei", por serem "património público e de contribuição dos cidadãos angolanos".
Para esta cidadã, "numa altura crucial do processo eleitoral, em que Angola dá sinais de transição e mudança", o país precisa de "órgãos que se destaquem e se afastem um bocadinho das decisões das ordens superiores e de algumas mãos inviáveis".
Albertina Navemba salienta que a responsabilidade desse desfasamento na cobertura noticiosa "não deve ser imputada aos jornalistas nem muito menos a algumas direcções", mas sim a quem de "momento governa Angola".
MPLA considera acusações de cobertura parcial da imprensa pública melodramáticas
Antes desta acção popular, a indignação sobre a postura parcial e tratamento diferenciado da comunicação social pública em favor do MPLA, na cobertura noticiosa da pré-campanha para as eleições gerais, motivou o grupo parlamentar da UNITA a apresentar um Voto de Protesto na Assembleia Nacional, gesto desvalorizado pelo MPLA.
Para o primeiro vice-presidente da bancada parlamentar do MPLA, as "acusações melodramáticas" dos "Maninhos" não são novidade, porque "enquadram-se perfeitamente na retórica e na estratégia adoptada por esse partido desde as eleições de 1992", as primeiras realizadas no país.
No seu protesto, a UNITA mencionou que os órgãos de comunicação social públicos foram colocados ao serviço da campanha, às custas do erário público, e contestou a "abusiva mistura da função ministerial com a de candidato" de João Lourenço.
Na reação, Pedro Sebastião considera que a posição da UNITA resulta do "pânico" criado pela "inevitabilidade de mais uma derrota eleitoral".
O deputado acusa ainda o partido do "Galo Negro" de tentar "manter o país sob clima de permanente tensão", para "atrair o voto do medo".