Em Londres, o barril estava, cerca das 09:30 de hoje, a perder 2,78% em relação ao fecho da sessão de sexta-feira, para os 30,07 USD, com estes preços apontados aos contractos de Julho, enquanto em Nova Iorque a matéria-prima perdia, à mesma hora de Luanda, 3,60%, para 23,85 USD, para os futuros de Junho.

Por de trás deste mau início da semana, que contrasta com, apesar dos altos e baixos característicos destes tempos de crise global no rasto da Covid-19, as duas últimas semanas de ganhos relevantes, estão as notícias de uma possível segunda vaga de infecções na China, com algumas cidades no norte do país a voltarem a experimentar confinamentos restritos, e na Coreia do Sul.

Estas informações, que já são conhecidas desde as primeiras semanas de Abril, inclusive com o fecho, tal como sucedeu em Wuhan, de Harbin, uma cidade de 10 milhões de habitantes, capital da província de Heilongjiang, junto à fronteira com a Rússia, mas só agora segundo nota hoje a Reuters, os mercados estão a reflectir esse regresso do medo de que, afinal, o novo coronavírus, está mais forte do que se pensava.

O mesmo sucede na Coreia do Sul, com aquilo que aparenta ser uma reviravolta na batalha contra o avanço da pandemia do novo coronavírus no país, tendo em conta o aumento verificado no número de novos casos nas últimas semanas.

Mas, como pano de fundo para esta quebra no ímpeto dos mercados petrolíferos, está o receio de que o excesso de oferta gerado pela crise económica que é consequência directa da pandemia da Covid-19 e do confinamento social que impos em todo o mundo, não esteja a ser diluído com a lenta mas certa reabertura das principais economias, dos EUA à Europa, passando pela China e pela Índia.

Isto, tendo em conta que dos 100 milhões de barris por dia queimados em todo o mundo antes do surgimento da infecção na cidade chinesa de Wuhan, em Dezembro de 2019, em Abril 30 milhões tinham sido retirados à procura e os 10 milhões que a OPEP+ (OPEP + Rússia) estão longe de ser suficientes para reequilibrar os mercados.

O que os analistas estão a contar é que o buraco entre oferta e procura seja, finalmente, tapado pelo "desconfinamento" que está a surgir um pouco por todo o lado e que as economias voltem a laborar com a normalidade possível.

Isto, apesar de estar igualmente a preocupar a Organização Mundial de Saúde (OMS) porque existe a possibilidade de o vírus voltar em força aproveitando este aligeirar das medidas inicialmente aplicadas para o conter.

A esperança para os países produtores reside agora na possibilidade de a indústria do fracking, ou petróleo de xisto, norte-americano, que tem um breakeven elevado, estar em claro declínio, com milhares de falências provocadas pela diminuição do preço do barril, recuar de tal forma que os EUA, que graças a ela se tornaram auto-suficientes e exportadores - chegaram mesmo à condição de maior produtor do mundo -, possam voltar a ser importadores e que isso possa ajudar a reduzir o buraco entre a oferta e a procura mundial.