Agora, que está confirmado que um tribunal de Nova Iorque o acusou formalmente de ter pago 130 mil dólares a Stormy Daniels (ver links em baixo, nesta página), Donald Trump, que já tinha anunciado que seria formalmente acusado, só falhando na data em que tal seria conhecido, além de saber se será condenado, vai querer perceber até que ponto esta situação o vai ou não prejudicar na corrida às Presidenciais de 2024 nos EUA.
Para já, os analistas, o que se percebe a partir da leitura dos media norte-americanos, estão essencialmente focados em perscrutar o futuro político de Donald Trump, que desde que, há dois anos, perdeu as eleições para o Democrata Joe Biden, mantém acesa a chama de uma nova candidatura em 2024, embora tenha de vencer as primárias dos Republicanos, que é uma espécie de eleição interna para se saber quem será o candidato oficial do partido.
E também já se percebeu qual será a estratégia de Trump e da sua milionária equipa de assessores para contornar esta situação: vitimizar-se até à exaustão e garantir que o processo judicial adormece a caminho das calendas gregas.
A relação extraconjugal que Donald Trump, alegadamente, manteve com Stormy Daniels, foi sucessivamente negada pelo agora acusado e o pagamento de 130 mil dólares seria para garantir que esta em nenhuma circunstância falaria sobre o assunto.
A presença do antigo Presidente à frente do Grande Júri de um tribunal de Manhattan é esperada para a próxima terça-feira e, se, como Trump tinha apelado aos seus apoiantes para fazerem, este cumprirem, Nova Iorque poderá assistir a uma multidão de fervorosos fãs do excêntrico milionário a inundar a zona do tribunal.
Se comparecer, como se prevê que aconteça, até porque não dispõe de alternativa, Donald Trump terá na terça-feira uma sessão de recolha de dados, como impressões digitais, fotografia de arguido e assinará os documentos da acusação necessários para eventual detenção.
O pagamento de 130 mil USD foi feito em 2016, quando decorria a campanha para as eleições presidenciais onde Trump derrotou a democrata Hillary Clinton, tendo como objectivo esse suborno manter a boca de Stormy Daniels fechada sobre a sua ligação íntima com aquela que seria, depois, o 45º Presidente dos Estados Unidos da América.
E se em 2016, conseguiu que este episódio não fizesse ruir a sua candidatura, mesmo que a ele se tivessem somado imagens e áudios onde este mostra de forma sonora a sua misoginia (desprezo e desrespeito pelas mulheres), na actual corrida interna pela nomeação como candidato do Partido Republicano, o desenlace poderá muito ser o oposto, até porque os seus dois principais opositores, Ron DeSantis, governador da Florida, e Nikki Halley, antiga embaixadora dos EUA nas Nações Unidas
Porém, para já, apesar de todos os escândalos, apesar de ser já tido como seguro que teve um papel relevante e decisivo no assalto ao Capitólio (Congresso dos EUA) em 2021, onde morreram várias pessoas, incluindo polícias, levando a todo o mundo imagens de pura anarquia no edifício que alberga o coração da democracia norte-americana, ou ainda das pesadas suspeitas de fuga aos impostos de grande monta, é Donald Trump que lidera as sondagens para a corrida interna e aparece bem posicionado para 2024, frente ao actual Presidente, Joe Biden, claramente desgastado devido à sua política para a guerra na Ucrânia.
Entre as hostes republicanas, as principais figuras já vieram em defesa de Trump e há mesmo alguns analistas que admitem que a sua estratégia de vitimização poderá ser o seu grande trunfo eleitoral, até porque são múltiplos os casos de antigos Presidentes, tanto Republicanos, como ele, como Democratas, como o actual inquilino da Casa Branca, que estiveram envolvidos em escândalos, suspeitas de ilegalidades, sem que isso os tenha levado à condição de acusado formal e sujeito a uma pesada pena de prisão.