O combate em que Trump aplicou o golpe final nas aspirações de Haley ocorreu no estado de New Hampshire, onde esta terça-feira, 23, decorreu a 2ª etapa das primárias republicanas, obtendo mais de 54% dos votos, contra cerca de 43% da antiga embaixadora e governadora da Carolina do Sul.
Embora a corrida esteja apenas no início, esta derrota de Haley compromete o seu percurso eleitoral porque foi o próprio Presidente Joe Biden, que é candidato a um segundo mandato, a vir a público, após serem conhecidos os resultados de New Hampshire, dizer que é agora inevitável voltar a disputar a Presidência com Trump.
Nikki Haley já prometeu que não desiste e que vai estar na Carolina do Sul, o seu estado natal, a disputar os votos com Trump, apesar de as sondagens, tal como nos anteriores Iowa e New Hampshire, darem larga vantagem ao ex-Presidente.
Porém, alguns analistas admitem que Haley já só esta na corrida porque isso é importante para manter os ânimos acalorados entre os republicanos, o que é considerado importante para a disputa final com o incumbente Joe Biden após a convenção republicana de Junho, onde Trump deve ser oficialmente nomeado o homem dos republicanos para disputar de novo a Casa Branca.
Há ainda quem entenda que a teimosia de Haley visa apenas manter o seu espaço para as eleições de 2028...
Depois da desistência do governador da Florida e principal opositor de Trump, Ron DeSantis, logo após as primárias do Iowa, apesar deste ter ficado à frente de Nikki Haley, as contas do ex-Presidente ficaram facilitadas e este tem agora um corredor aberto e sem obstáculos para voltar a encontrar nas urnas Joe Biden, por quem foi derrotado em 2020 quando concorria ao segundo mandato, o que foi visto como uma humilhação para a qual busca agora a vingança.
Além deste aparentemente passeio no parque que está a ser a disputa interna entre os republicanos, Donald Trump tem ainda o vento das sondagens a insuflar-lhe as velas, aparecendo em mais de 90% destas à frente das intenções de voto face a Joe Biden.
Todavia, a travar o passo ao seu alazão eleitoral, está a longa lista de processos judiciais que sobre si impendem, desde acusações por abuso sexual à fuga de impostos e branqueamento de capitais, passando pela guarda ilegal de documentos secretos na sua casa particular.
Para já, Trump tem conseguido sair de cada sessão em tribunal fortalecido pelas acusações que faz repetidamente de estar a ser alvo de perseguição pelo poder democrata para o prejudicar eleitoralmente.
Se internamente, a diferença de propostas entre Trump e Biden são relativamente pequenas, salientando-se nas questões das políticas de imigração, na vertente externa, existe um mar de diferenças entre os dois candidatos, desde logo nas prioridades definidas por um e outro sobre o conflito na Ucrânia e no Médio Oriente, mas também sobre a visão de Washington para o resto do mundo, incluindo África, em que Biden procura recuperar o tempo perdido pelo abandono diplomático a que o continente foi sujeito pelas administrações de Obama e Trump, esta última em especial.
E para Angola, em particular, estas eleições são relevantes porque Luanda apostou fortemente na mudança da sua bussola de interesses para ocidente com a Presidência Biden e essa opção pode ficar comprometida se Trump sair vencedor da disputa de Novembro próximo.