Este anúncio de DeSantis surge pós o desolador resultado no estado do Iowa, a primeira eleição nas primárias republicanas para escolher quem vai disputar a Casa Branca com Joe Biden em Novembro, onde obteve cerca de 20 por cento dos votos, contra os mais de 50% de Trump, sendo que, mesmo tendo ficado em 2º lugar, a distância para o antigo inquilino da Casa Branca foi de tal monta e surpreendente, que concluiu que as suas hipóteses era nulas para ganhar as primárias republicanas.
Agora, Donald Trump, embora possa aparecer alguma surpresa nesta caminhada até à convenção republicana de Junho, onde será indicado o nome para o boletim de voto nas Presidenciais de 05 de Novembro, para se bater com o incumbente Joe Biden, tem apenas pela frente a sua antiga embaixadora na ONU, que ficou em 3º no Iowa, com perto de 18%, o que lhe garante que o resto da campanha será uma caminhada no parque para exercitar o músculo vocal para a disputa Presidencial.
Que, também aí, aparece em quase todas as sondagens, à frente das intenções de voto, ganhando a um Joe Biden que aparece nesta disputa fragilizado pela idade avançada, por dados da economia longe de satisfazer o grosso dos eleitores e por duas guerras onde está directamente empenhado no apoio à Ucrânia e a Israel...
Na justificação para esta decisão, Ron DeSantis, citado pelos media norte-americanos, disse, ao anunciar a desistência e o apoio a Trump, que é para ele "claro que os republicanos querem dar uma nova oportunidade" ao antigo Presidente, que tem, ainda por cima, contas para ajustar com Biden, que o destronou do poder com a humilhação de não conseguir um segundo mandato.
E aproveitou ainda para atacar Nikki Halley, a quem acusou de representar os piores interesses da política americana e não ter competências pessoais para o cargo.
Se esta decisão de DeSantis é vista pelos analistas da política norte-americana como uma passadeira vermelha estendida a Trump - este já disse mesmo que quer a nomeação republicana logo após a votação no New Hampshire - até à Casa Branca, considerando que as sondagens são unanimes em lhe atribuir uma larga vantagem sobre Biden, também há quem entenda que Trump precisa que Halley se mantenha na corrida para que a sua vitória seja vista pelo eleitorado como plena de mérito, ao mesmo tempo que lhe permite manter as hostes em alvoroço e empenhadas no combate político.
Esta situação acontece quando se está a escassos dias das primárias no New Hampshire, o segundo teste aos candidatos, retirando claramente interesse à disputa, o que pode prejudicar ligeiramente o eleitorado de Donald Trump.
O mundo aguarda com expectativa... e Angola em particular
As eleições nos EUA são, provavelmente, as mais relevantes para o resto do mundo em 2024, ano em que se disputam igualmente Presidenciais na Rússia e para o Parlamento Europeu, além de perto de mais 70 idas às urnas em todo o mundo.
E são as mais relevantes também para Angola entre todas as que ocorrem no planeta neste ano, porque foi com Biden que os EUA abandonaram a política de casulo de Trump, com pouca apetência para se virar para o exterior, tal como o fez, embora de forma menos prenunciada, Barack Obama, o que permitiu que a China e a Rússia voltassem a ter um papel de relevo no continente africano.
E foi com Joe Biden que Angola mudou o "chip" da sua geoestratégia dos velhos aliados, China e Rússia, para o ocidente, tendo mesmo o Presidente João Lourenço dito publicamente que esta decisão era consciente e sólida.
Todavia, resta a dúvida sobre as opções de política externa de Donald Trump se este vier, como as sondagens apontam, a ganhar as eleições de Novembro.
Olhando para o seu percurso na Casa Branca entre 2016 e 2020, e se este for o padrão para a sua próxima Presidência, embora ainda muita água tenha de passar por debaixo das pontes até 05 de Novembro, nomeadamente as dezenas de processos judiciais que enfrenta nos tribunais norte-americanos, com casos que vão de assédio sexual a fuga ao fisco ou retenção ilegal de documentos confidenciais, então é expectável que os EUA voltem a concentrar o foco na política interna, nomeadamente a imigração, abandonando as opções actuais da Casa Branca.