José Mário Vaz, a seguir à publicação do decreto, convocou os partidos políticos com assento parlamentar bem como o Conselho de Estado para desenhar a formação do próximo executivo.
Este gesto radical de José Mário Vaz surge como corolário de um mandato, que termina em Novembro com as eleições Presidenciais marcadas para dia 24, repleto de casos e permanente instabilidade política e social.
Este fim-de-semana, o Presidente guineense tinha feito graves acusações ao Governo de Aristides Gomes, nomeadamente a de estar a criar instabilidade social ao permitir a repressão violenta de um protesto popular recente de onde resultou um morto e vários feridos.
Citado pela Lusa, Vaz diz que "a mortífera violência da repressão policial contra uma marcha pacífica de cidadãos indefesos, que não constituía uma ameaça à segurança, nem às instituições ou à propriedade, representa uma disrupção que se afasta vertiginosamente dos valores que temos promovido, semeando mais crispação e discórdia, agravando as desconfianças em relação ao processo de preparação da eleição presidencial".
No entanto, a visão do primeiro-ministro é oposta a esta, acusando Aristides Gomes o Presidente José Mário Vaz de constituir uma ameaça séria à estabilidade da Guiné-Bissau.
Esta posição de Gomes emerge de um contexto de grande conflitualidade com o Chefe de Estado, tendo mesmo deixado no ar a ideia de que Vaz teria estado por detrás de uma tentativa de golpe contra o seu Governo, juntamente com o candidato às presidenciais do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15, líder da oposição).
Recorde-se que o mandato de Vaz terminou em Junho mas manteve-se no cargo até às próximas eleições presidenciais, após um acordo com os líderes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), organismo sub-regional que em mediado a crise guineense, aceitando deixar o poder executivo integralmente nas mãos do primeiro-ministro Aristides Gomes.