Ao Novo Jornal Online fonte da CNE garantiu que não recebeu quaisquer propostas com nomes da UNITA nem admite que essa seja sua responsabilidade mas sim do partido, que os deveria ter, de mote próprio, enviado.
O dirigente do "Galo Negro" adiantou ao Novo Jornal Online, todavia, que a CNE já foi contactada pela direcção do partido para explicar o porquê de não terem enviado os convites às pessoas propostas como observadores sem qualquer resposta até agora.
"A nossa delegação em Espanha confirmou junto do Partido Popular (força política que está no Governo daquele país europeu) que os convites não chegaram", disse Sakala, acrescentando que "daí se pode concluir que a CNE e o Executivo angolano não querem observadores independentes e com elevadas capacidades técnicas no âmbito da observação de eleições", contribuindo desta forma para a "consolidação do descrédito que os processos eleitorais já têm".
O porta-voz da UNITA disse ainda que foi enviada por este partido uma lista com 19 nomes, no dia 09 de Junho, com propostas para que a CNE fizesse, "como é da sua competência", chegar os convites a tempo de estas personalidades poderem estar no país desde o início da campanha eleitoral, a 22 de Julho, "o que não sucede".
Contactada pelo Novo Jornal Online, a porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, refuta a acusação da UNITA e garante que nunca recebeu qualquer lista com nomes propostos por este partido para a observação das eleições em Angola.
Júlia Ferreira diz mesmo não entender esta acusação porque esse tipo de convites deve ser feito pelos partidos. "Seria a UNITA a enviar os convites", sublinhou
Observadores da União Europeia em "stand by"
Entretanto, a polémica sobre a presença de uma missão de observadores da União Europeia nas eleições gerais de 23 de Agosto prossegue sem que exista ainda uma confirmação por parte de Bruxelas.
Apesar de a CNE ter garantido, pela voz do seu presidente, André Silva Neto, que os convites foram feitos, continua, até ao momento, a existir a questão da condições impostas para a União Europeia estar presente com uma missão de observação.
Este impasse ganhou notoriedade mediática com as declarações recentes da eurodeputada Ana Gomes, que, numa entrevista à DW África, disse ter recebido a informação de que o convite chegou apenas no dia 4 de Julho e que "não é explícito quanto às condições exigidas pela UE para o desempenho das funções das missões de observação no que toca às garantias da independência de acesso a todas entidades e localidades, etc".
Ana Gomes chegou mesmo a acusar o Governo de má vontade: "Se o Governo angolano escolheu apresentar o convite tão tardiamente, inclusivamente depois de uma missão de peritos eleitorais que a UE enviou para Angola e nem sequer no convite reuniu as condições básicas, que sabe perfeitamente que são exigidas pela UE porque são padrões para qualquer país onde a UE vá observar, então a minha conclusão é que, de facto, não havia vontade política nenhuma das autoridades angolanas convidarem a UE para observar as eleições".
Ao quer tudo indica, a questão da missão de observadores da União Europeia é já quase uma impossibilidade, visto que a campanha vai entrar este fim-de-semana na sua segunda semana. Em cima da mesa, segundo soube o Novo Jornal Online, está agora apenas a possibilidade de Bruxelas enviar uma equipa de peritos e não a missão de observadores integral.
Estas são as 4ªs eleições por voto directo e universal desde que Angola optou pelo multipartidarismo em 1991.
As eleições gerais de 23 de Agosto contam com seis forças políticas a disputar os 220 lugares no Parlamento e ainda a eleição do Presidente da República e do Vice-presidente, que são, respectivamente, o primeiro e o segundo nome das listas apresentadas pelo círculo nacional.
Vão estar na disputa pelos votos dos 9,3 milhões de eleitores, conforme o sorteio que ditou a disposição no boletim de voto, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que propõe Isaías Samakuva para Presidente da República, a Aliança Patriótica Nacional (APN), cujo cabeça de lista é Quintino Moreira, o Partido da Renovação Social, cuja aposta para a Presidência é Benedito Daniel, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que tem João Lourenço para substituir José Eduardo dos Santos na Cidade Alta, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), com Lucas Ngonda a liderar a lista; e a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), que apresenta Abel Chivukuvuku para Chefe de Estado.
O círculo nacional elege 130 deputados e os círculos das 18 províncias elegem 90, cinco deputados por cada uma delas, contando a Comissão Nacional Eleitoral com 12 512 Assembleias de Voto reunindo um total de 25 873 Mesas de Voto.