A cidade, já de si mal preparada, onde continua a faltar saneamento básico, vê-se a braços com aquilo a que vários cidadãos já chamam "a crise do lixo", iniciada quando a limpeza da capital foi interrompida a 23 de Dezembro do ano passado. E, apesar de o Presidente da República ter autorizado, em Fevereiro, uma despesa de 34,8 mil milhões de kwanzas (cerca de 53 milhões USD) e a abertura de um procedimento de contratação emergencial para limpar Luanda, de ter sido aberto um concurso público, e de ser anunciado, em Março, pelo Governo Provincial (GPL), liderado por Joana Lina, que sete empresas iriam começar a recolher o lixo em Luanda, cabendo à ELISAL EP manter limpo o município de Luanda, o processo continua inquinado.

Neste espaço de tempo, a capital ganhou centenas de "aterros" improvisados, com toneladas de lixo amontadas um pouco por toda a parte, desde a periferia ao centro da cidade.

A chuva encarregar-se-á de arrastar as toneladas de lixo que se foram acumulando nas valas de drenagem ou cursos naturais de água que atravessam a cidade de Luanda até ao mar, destruindo tudo à sua passagem e resultando depois em doenças que os luandenses bem conhecem.

Joana Lina tem sido amplamente criticada quer por cidadãos quer pelo maior partido da oposição, UNITA, que na semana passada pediu a intervenção urgente do Chefe de Estado para resolver a "presente crise do lixo", que considera ser "responsabilidade directa do Presidente da República e da sua auxiliar, a governadora de Luanda Joana Lina".

Os deputados do principal partido da oposição evocaram a tragédia de 2016 "em que a combinação malária/febres hemorrágicas matou mais de 15 mil pessoas em pouco mais de três meses", para acusar as autoridades de "assistir passivamente à formação da tempestade para depois correr atrás das consequências, com custos mais elevados".

Entretanto, as comissões municipais de protecção civil estão no terreno para fazer o levantamento dos dados do impacto das chuvas, mas, em declarações à Rádio Nacional de Angola, Faustino Minguês, deixou apenas um apelo à população: que redobre cuidados.

Joana Lina aguarda, segundo o director do gabinete de comunicação institucional e imprensa do Governo Provincial de Luanda, Ernesto Gouveia, que os dados das comissões municipais de protecção civil cheguem à sua secretária para tomar as medidas que considere necessárias.