Inúmeras filas de viaturas e populares carregados de bidões tornaram-se, nos últimos dias, o cenário habitual nas bombas de combustível de Luanda que ainda permitem abastecer.

Numa ronda efectuada hoje, 18, por vários postos de abastecimento do centro e arredores de Luanda, o Novo Jornal Online constatou a luta dos condutores para "alimentar" os tanques.

Adão Giovani, um dos automobilistas que falou à nossa reportagem, contou que ontem acabou por desistir da espera no posto de abastecimento do Cazenga, onde a fila quase chegava à linha férrea.

"Tive que deixar o carro perto de uma agência bancária com os seguranças", relatou o condutor, explicando que foram precisos dois dias de procura para finalmente abastecer o veículo, o que aconteceu hoje, na Ilha de Luanda.

As voltas à cidade em busca de combustível também não são novidade para o taxista Afonso André.

"Estou desempregado, trabalho com essa viatura por isso não posso ficar sem gasolina" disse, acrescentando que na última sexta-feira recorreu a um bidão de 20 litros para estancar a necessidade.

As histórias repetem-se um pouco por toda a cidade, demarcada por gigantescas filas para abastecer. Este é o cenário no posto da Pumangol, na Ilha de Luanda, no da Sonangol ao pé da Rádio Nacional de Angola, no Zé Pirão e Largo 1º de Maio, na Baixa de Luanda...tal como no posto de abastecimento dos Congolenses (sentido baixa) e nas bombas da Sonangol junto ao Laboratório de Criminalística.

Ao mesmo tempo, o Novo Jornal Online verificou que a maioria dos postos de abastecimento no sentido Luanda- Viana então sem combustível.

A situação, segundo relataram alguns funcionários das bombas, explica-se pelo fornecimento irregular de combustível, que se torna insuficiente face à procura.

"Dezembro é sempre assim: Falta combustível", resumiu Manuel Paulo, de 37 anos, defendendo que a situação deveria ser prevenida.

Enquanto isso não acontece, alguns cidadãos contaram ao Novo Jornal Online que estão, individualmente, a fazer essa prevenção, comprando combustível para fazer face às maiores necessidades da quadra festiva, nomeadamente para compensar falhas de energia.

Sonangol desmente escassez

Apesar da secura testemunhada pelo Novo Jornal Online, a Sonangol divulgou na passada sexta-feira, 15, um comunicado garantindo que não há falta de combustível no país, e acrescentando que o abastecimento no período da quadra festiva está assegurado.

A petrolífera nacional reconhece contudo que registaram-se alguns atrasos na descarga de combustíveis nos portos nacionais, devido a pequenos constrangimentos nos pagamentos aos fornecedores externos.

Segundo o comunicado, a empresa deu início ao processo de descarga de combustível nos portos de Luanda, Cabinda, Lobito, seguindo-se, nos próximos dias, os portos do Namibe e Zaire.

A Sonangol reitera que não há qualquer problema operacional da sua parte.