A Organização Mundial da Saúde (OMS) registou no ano passado 228 milhões de casos de malária só na África Subsaariana, o que representa um aumento de 7% face aos 213 milhões de casos registados em 2019, situação que levou o director do Programa Global da Malária da OMS, Pedro Alonso, a afirmar aos jornalistas que "estamos, portanto, a lidar com um problema em geral africano".
O relatório anual, realizado pela Organização Mundial de Saúde, conclui que as perturbações provocadas pela pandemia de covid-19 fizeram aumentar em 47.000 o número de mortes por malária no mundo, mas o pior cenário apontava para uma duplicação da mortalidade, algo que, felizmente, não veio a concretizar-se.
Quatro países representam mais de metade das mortes por malária: Nigéria (31,9%), República Democrática do Congo (13,2%), Tanzânia (4,1%) e Moçambique (3,8%), tendo o número de mortes na África Subsaariana aumentado 12% - de 534 mil para 602 mil - em 2020.
O relatório conclui igualmente que cerca de 80% das mortes por malária na região são entre crianças com menos de 5 anos.
Entre 2000 e 2019, a incidência da malária na região africana da OMS diminuiu de 368 para 222 casos em cada mil habitantes, mas no último ano, sobretudo devido a perturbações relacionadas com a covid-19, aumentou para 232, conclui o relatório, onde está apontado que a região africana falhou os objectivos definidos para 2020 pela Estratégia Técnica Global para a malária, que visava uma redução da incidência da doença em 40% relativamente aos números de 2015.
Apenas Cabo Verde, a Etiópia, a Gâmbia, o Gana e a Mauritânia alcançaram este objectivo, enquanto a Argélia já tinha sido certificada como livre de malária em 2019.
Dos restantes países africanos, 18, incluindo Moçambique e São Tomé e Príncipe, conseguiram reduzir a incidência de malária em 2020 face a 2015, embora não em 40%, cinco não sofreram alterações significativas, 16 registaram aumentos na incidência de até 40%, incluindo a Guiné-Bissau, e cinco aumentaram em mais de 40%, incluindo Angola.
Cabo Verde, Esuatini e São Tomé e Príncipe registaram zero mortes por malária em 2020, enquanto a Etiópia e a África do Sul registaram reduções de 40% ou mais na mortalidade face a 2015.
Doze países, incluindo a Guiné Equatorial e Moçambique, alcançaram reduções de mortalidade inferiores a 40%, 14 não registaram alterações na taxa de mortalidade e 12 países registaram aumentos da taxa de mortalidade, incluindo Angola e a Guiné-Bissau.