O moçambicano Domingos Gove, que dirige este departamento da SADC (FANR, na sigla em inglês) desde Abril deste ano, lembrou este fim-de-semana, numa conferência de imprensa em Windoek, capital da Namíbia, onde vai ter lugar a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade entre sexta-feira e Sábado, que a próxima estação das chuvas deverá ser, mais uma vez, escassa para as necessidades agrícolas.
A África Austral vive há vários anos uma situação de prolongada seca, com picos de seca extrema em vários países, onde, por exemplo, na Namíbia ou na África do Sul, levou os respectivos governos a tomarem medidas extremas para controlar os efeitos nefastos da falta de chuva, declarando situações de calamidade e impondo regras restritivas ao consumo de água.
Angola é um dos exemplos da gravidade da situação, especialmente nas suas províncias do sul - Namibe, Kuando Kubango, Huíla e Cunene -, onde vivem mais de 700 mil pessoas, incluindo aproximadamente 400 mil crianças, segundo dados da ONU, com défices severos no aceso à água e a alimentação adequada.
Por isso, Domingos Gove apelou aos agricultores da África Austral para que procurem encontrar forma de manter em stock parte das colheitas da última campanha agrícola, não vendendo a sua produção, como forma de fazer frente às dificuldades que se avizinham, perspectivadas pelas análises dos especialistas à evolução do El Nino e da La Nina, os fenómenos climáticos que, a partir do aquecimento ou do arrefecimento das águas do Pacífico, geram prolongados períodos de seca em várias parte do mundo, com especial incidência na África Austral.
Este alerta foi lançado numa conferência realizada na capital da Namíbia dedicada ao tema da segurança alimentar na região austral do continente, onde Gove afirmou que os efeitos negativos da seca sobre as colheitas já são um facto há vários anos, sublinhando, no entanto, que se prevê um agravamento da situação para a próxima estação das chuvas.
Só a título de exemplo, Gove lembrou, citado pela imprensa local, que na última colheita, os grandes produtores de milho austrais, como a Zâmbia e a África do Sul, registaram uma acentuada diminuição da produção, entre 23 e 34 por cento, respectivamente.
Apesar de considerar que actualmente a situação da segurança alimentar não suscita grandes preocupações, Domingos Gove admitiu que nas regiões de maior exposição aos efeitos de La Nina, como a Namíbia, o Zimbabué, Zâmbia, Lesoto, Malawi ou Moçambique, devem ser tomadas sérias medidas preventivas.
Por outro lado, Gove lembrou que existem outros problemas, como a invasão da lagarta-militar, que tem, nos últimos anos, como o NJOnline tem noticiado, destruído milhares de hectares de culturas, incluindo em Angola, gerando mais stresse no que que toca à segurança alimentar.
"A SADC está a monitorizar a situação das pragas", disse, lembrando que 43 países do continente estão afectadas pela invasão da lagarta-militar, incluindo 13 da SADC.