De acordo com os dados actualizados ao final do dia de Domingo, o Covid-19 já fez 1.770 mortos, 105 nas últimas 24 horas, e mais de 70 mil infectados, sendo que destes, apenas cerca de 400 foram diagnosticados fora da China continental, com registo de três mortos além-fronteiras do país onde a epidemia teve início.
Desde que este vírus, da família dos coronavírus, que são conhecidos da ciência desde a década de 1960 mas nenhum com a capacidade de contágio revelada por este COvid-19, como foi designado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), foi detectado na cidade de Whuan, província de Hubei, no centro da China, os organismos internacionais de controlo e monitorização de epidemias perceberam que a humanidade estava a enfrentar um inimigo temível, tendo sido tomadas medidas draconianas em todo o lado, mas com especial sublinhado para o gigante asiático.
Cidades com milhões de habitantes, como Wuhan, com 11 milhões, e outras em Hubei, foram colocadas sob rígidas quarentenas, centenas de milhões de pessoas foram impedidas de se deslocarem interna e externamente, o que coincidiu com os festejos do Ano Novo lunar chinês, a maior migração não forçada em todo o mundo, fronteiras fechadas, centenas de estrangeiros retirados pelos seus países da China, são algumas das medidas draconianas aplicadas pelas autoridades de Pequim que agora começam a dar resultados palpáveis.
Essas mesmas medidas permitiram, por exemplo, que o continente africano só tenha, até hoje, visto confirmado um único caso, no Egipto, na semana passada, embora a OMS-África tenha feito várias chamadas de atenção para o facto de ser neste continente que estava concentrada boa parte das preocupações desta agência da ONU.
Isso, por causa dos fragilizados dos sistemas de saúde da maior parte dos países africanos, por causa das importantes comunidades chinesas existentes em países como Angola e dezenas de outros, e porque, com a capacidade anormal de contágio deste Covid-19, a existência de cidades com milhões de pessoas a viverem em bairros com fracas condições sanitárias, a par de escassa capacidade de resposta das suas unidades hospitalares, constituía - e ainda assim é - um perigo real de um único surto ter consequências devastadoras e de grande dificuldade de controlo.
Esta realidade, a ausência de casos em África, não pode ser, igualmente, deslocada do facto de a maior parte dos países terem implementado as medidas aconselhadas pela OMS, como a criação de espaços para acolher, em quarentenas controladas, pessoas oriundas das cidades chinesas de maior exposição ao coronavírus, de terem sido instaladas equipas de controlo primário à entrada nos países, como é disso exemplo o Aeroporto 4 de Fevereiro, em Luanda, que se revelaram, pelo menos até agora, eficazes.
O mesmo aconteceu no resto do mundo, com centenas de pessoas colocadas sob estritas quarentenas, de Portugal ao Brasil, da Tailândia à Austrália..., fronteiras com a China fechadas, como fez a Rússia, navios de cruzeiro impedidos de aportar, apesar de casos de contágios declarados a bordo, foram, e são-no ainda, exemplos do pânico que tomou conta de quase todo o mundo.
E não é para menos. Este Covid-19 tem um potencial de contágio muito superior aos responsáveis por epidemias anteriores, como a do SARS (Síndrome Respiratório Agude Grave), que em 2002 e 2003, também com início na China, fez mais de 700 mortos e cerca de 8 mil casos.
A taxa de mortalidade do Covid-19 é de cerca de 2.2 no mundo, subindo para 2,3 a 2,4 em Hubei, quando o SARS tinha uma taxa de morte quase de 10 por cento (9,7%), sendo a diferença dramática o potencial de contágio do responsável pelo actual surto epidémico, o que leva alguns cientistas a admitir que o risco ainda não acabou, apesar das boas notícias, visto que uma ligeira mutação no vírus, ode ter um impacto brutal, especialmente se essa mutação lhe conferir mais letalidade.
Mas as boas notícias estão aí, permitindo à comunidade que em todo o mundo procura uma solução para este problema, com os números a serem claros: Hoje foram registados 115 novos casos na China fora de Hubei, quando há uma semana era de 450 diários;
Este declínio é, em parte, fruto das medidas em curso aplicadas pelas autoridades chinesas, por ordem directa do Partido Comunista, nomeadamente a obrigatoriedade de todos aqueles que deixam as localidades que estiveram sob quarentena, especialmente em Pequim, são forçados a ficarem em casa durante 14 dias, tempo de incubação do vírus.
Isto permite hoje afirmar, segundo relatam os media chineses, que o problema começa a estar circunscritos à província de Hubei, com mais 2.000 casos reportados hoje referentes às últimas 24 horas, o que Pequim entende como sendo um sinal claro de que a epidemia começa a estar sob controlo.
Isto, apesar de a OMS manter que ainda é cedo para gritar vitória, visto que ainda não se pode dizer com certeza qual a trajectória que a epidemia vai tomar nem se, com o aproximar do final do Inverno chinês, a regressão de novos casos vá aumentar, como as autoridades sanitárias dizem ser quase certo.