Depois dos severos problemas entre 2018 e 2021 criados pela escassez de chuva, que abrangeu toda a África AUstral, mas que afectou particularmente a Cidade do Cabo, e dos já famosos cortes no fornecimento de energia, é agora a vez de Joanesburgo experienciar uma nunca vista falta de água nas torneiras.
Com mais de seis milhões de habitantes na sua área urbana, Joanesburgo, a capital económica do país, vive actualmente com os olhos na estrada por onde chegam as centenas de camiões-cisterna que levam a água às populações.
A razão para esta situação dramática, que pode custar caro ao ANC, partido que governa a África do Sul desde 1994, nas eleições gerais, é, segundo a AFP, a praticamente inexistente manutenção da infra-estrutura que fornece a água, as condutas e os reservatórios.
Há mais de duas semanas que a imprensa local relata casos de filas intermináveis de pessoas com garrafões de plástico à espera dos camiões-cisterna, ricos e pobres, devido à falta de água nas torneiras das casas.
Se por um lado o tempo seco e quente está a secar os principais reservatórios que abastecem a área urbana de Joanesburgo, por outro, as condutas e os depósitos locais estão em colapso devido à negligência que a oposição ao ANC justifica pela longeva governação do partido de Mandela.
Este é já um dos maiores desafios para o Congresso Nacional Africano que tem a 29 de Maio umas eleições gerais que são as mais perigosas para a hegemonia do partido que assumiu o poder em 1994 com o fim do apartheid.
As autoridades da província de Gauteng, que abrange Joanesburgo e Pretória, lançaram um plano de poupança de água que não está a surtir efeito, admitindo que o colapso total do sistema de abastecimento pode ocorrer em breve.
E isso vai suceder assim que os reservatórios principais atingirem a quota mínima de 10%, ponto a partir do qual a água ficará imprópria para consumo, exigindo o seu fecho para permitir alguma recuperação.
Se tal acontecer, o que os especialistas apontam já como praticamente inevitável, então toda a região estará sem água nas torneiras durante semanas e até os camiões-cisterna municipais se encontrarão em dificuldades para abastecer as populações.
Além da chuva suficiente que tarda, as soluções preconizadas pelos especialistas é convencer as populações a aceitarem viver com os mínimos e realizar cirúrgicas operações de manutenção nos pontos mais críticos, nomeadamente nas perdas nas tubagens e condutas.