As imagens correram as televisões e as páginas dos jornais de todo o mundo, com hordas de apoiantes de Donald Trump, então ainda Presidente mas já com Joe Biden como Presidente-eleito nas eleições de 03 de Novembro, a invadirem o Capitólio, a destruir património e em situações de "combate" com agentes da polícia.

Durante este inusitado assalto a um dos locais mais simbólicos da democracia dos EUA, que já leva dois séculos de existência, morreram cinco pessoas, entre estas um agente da polícia e quatro "invasores".

Face a este episódio que marcou o derradeiro período da Presidência de Donald Trump, sobre quem existem suspeitas fortes de ter incitado os seus apoiantes a dirigirem-se ao Capitólio para protestarem contra aquilo a que chamou o "roubo" da sua reeleição, acusação de fraude eleitoral que mantém até hoje, o Presidente Joe Biden vai marcar a data sublinhando a honra das forças de segurança presentes e apontando novos caminhos para consolidar e reforçar a democracia.

Num discurso sobre o qual a Casa Branca já divulgou uma síntese, Biden deverá esclarecer o que aconteceu naquele trágico 06 de Janeiro de 2021, sublinhando que só falará de factos e não de invenções produzidas por alguns, num momento em que os Republicanos de Trump se desdobram em manobras de diluição da gravidade do que sucedeu.

O actual inquilino da Casa Branca vai ainda, segundo Jen Psaki, a porta-voz da Presidência, enfatizar os riscos que aquele momento representou para o Estado de Direito e a Democracia nos EUA.

Ao mesmo tempo, também Donald Trump, que não se desviou um milímetro das acusações de roubo eleitoral de que diz ter sido alvo pelo Democratas de Biden, recusando qualquer responsabilidade na invasão do Capitólio, anunciou que cancelara a conferência de imprensa que tinha agendado para marcar também ele o 06 de Janeiro.

Um dos focos da atenção de Trump é o comité criado pelo Congresso para investigar os acontecimentos daquele dia, cujo trabalho continua, tecendo de forma persistente comentários odiosos e recusando a sua credibilidade.

Sobre o cancelamento do seu programa de "comemoração", Trump justificou-o com a forma desviante e desonestidade do comité de investigação e dos media que produzem sobre este episódio notícias falsas.

No entanto, como os media norte-americanos têm divulgado, são cada vez mais as evidências de que foi Trump que, num comício realizado naquele dia nas imediações da Casa Branca, em Washington, impulsionou a horda mais radical de apoiantes a tomar de assalto o Capitólio de forma a recuperar a "sua" democracia.