Vários deles chegavam de estômago vazio, o que é um obstáculo à aprendizagem. Na escola onde trabalhei, tínhamos muitos problemas relacionados com o acesso aos livros didácticos, excesso de alunos por turma, sem falar das infra-estruturas e dos equipamentos em mau estado. Mesmo assim, os professores, as alunas e a direcção da escola iam exercendo a sua actividade.
Ao longo de vários anos como professor, vi muitos estudantes inteligentes, com boas notas, apesar de terem origem pobre. Lembro-me de uma estudante em particular, que era óptima em matemática, uma das melhores alunas que eu já tive. Ela terminou o ensino médio, mas não conseguiu entrar para a faculdade por falta de dinheiro. Quantos jovens neste país tiveram de abandonar a escola por falta de recursos e oportunidades para continuar?
Já naquela altura, nunca me pareceu ser justo que utilizasse a falta de recursos suficientes como desculpa para justificar as razões pelas quais não se aumentavam os investimentos em prol de uma melhor educação às crianças e jovens que frequentam a escola pública em Angola. Porque, enquanto isto, um grupo muito pequeno de cidadãos nacionais beneficiava de condições de privilegiado, dos recursos do Estado, para constituir fortuna ao abrigo de uma política de Estado denominada "Estratégia de Acumulação Primitiva de Capitais".
Com a implementação da dita estratégia, observaram-se muitos casos em que os dinheiros públicos serviram para alimentar negócios privados. Por isso, a falta de recursos nem sempre é a melhor desculpa para justificar a fraca aposta feita pelas autoridades Angolanas, de forma a melhorar a educação pública.
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