Esperar pelo arranque da próxima legislatura, com o Parlamento a responder à composição ditada pelas eleições gerais de 23 de Agosto, é o argumento mais pesado utilizado pela oposição, alegando ainda que a composição da ERCA agora instituída será diferente em resultado de uma nova correlação de forças.
Actualmente o MPLA conta com uma maioria absoluta no Parlamento, o que lhe permite impor a sua vontade, não só quanto à data da votação como ainda à indicação de nomes para a sua composição.
O líder da bancada parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, questionou o facto de um dos membros, o jornalista Luís Fernando, a ser empossado ter ainda o seu nome na ficha técnica de um jornal, com cargos de responsabilidade no jornal O País.
Adalberto da Costa Júnior lembrou que, segundo a legislação, não podem ser designados para os órgãos da ERCA membros de órgãos sociais ou de qualquer órgão de comunicação social ou de associação e sindicatos da classe jornalística.
Na opinião dos deputados Sebastião Alexandre André (CASA-CE) e Lucas Ngonda (FNLA) o MPLA impôs a sua vontade para a instituição tomar posse e que essa "foi sempre a atitude do partido que sustenta o Governo".
Neste âmbito, Angola tem pela primeira vez o Conselho Directivo da ERCA, com a tomada de posse de oito membros dos 11 previstos, visto que os nomes que cabem ser indicados pelos partidos da oposição não chegaram a sê-lo como forma de mostrar a discordância com a postura do MPLA.
Os membros empossados são Luís Fernando, Adelino Marques de Almeida, Jorge Gonçalves Matias Ntiamba, Domingas Pedro Francisco Damião, Edith Domingas Nanga Daniel (indicados pelo MPLA), José Luís Fernando (Executivo), Albino Ramos Carlos (União dos Jornalistas Angolanos (UJA) e Reginaldo Silva (Sindicato Nacional dos Jornalistas (SNJ).
Os indicados pela UNITA são Carlos Armindo Alberto e Tataviano Rodrigues da Costa Pacheco, que só serão empossados na próxima Legislatura da Assembleia Nacional.
Para completar o número previsto, resta um membro que, de acordo com a Lei, deveria ser indicado, por consenso, pela CASA-CE, PRS e FNLA.
A ERCA passou com 147 votos a favor, quatro contra e nenhuma abstenção. O Parlamento é composto por 220 deputados, 165 do MPLA e a UNITA 32, a CASA-CE oito, PRS (3) E fnla (2).