O barril de Brent estava hoje, perto das 10:00 de Luanda, a valer 71,58 USD, mais 0,30% que no fecho de quarta-feira, valor que que preciso recuar a meados de Maio de 2019 para o encontrar.
Na génese deste bom momento do sector petrolífero está, em fundo, a crescente procura devido à progressiva saída da crise gerada pela pandemia da Covid-19, o que se deve às massivas campanhas de vacinação em curso em todo o mundo, e, no imediato, a decisão tomada pela OPEP+ (OPEP + Rússia e outros nove produtores/exportadores), na terça-feira, de não mexer no plano de recuperação da produção até Julho.
Esta resistência da OPEP+, não cedendo à tentação de aumentar a produção face à evidência de um florescente lado da procura, foi um sinal claro aos mercados de que o "cartel" está consciente de que a situação ainda é periclitante e que, por isso, mais vale prevenir que remediar.
Os analistas, de forma geral, estão hoje a repetir o que parece ser um consenso alargado e que aponta para a ideia de que esta decisão da OPEP+ foi a mais acertada porque confere solidez a um sector que tinha todas as condições para entrar em movimentos caóticos de decisões unilaterais de forma a aproveitar a bonança no horizonte.
Horizonte esse que se perspectiva risonho para países como Angola, que tem uma forte dependência dos dividendos do crude - mais de 50% do PIB e 95% das exportações -, pelo menos nos próximos dois anos, onde todas as organizações internacionais antecipam um forte crescimento da procura sustentada na recuperação económica planetária.
Essa recuperação, que já se faz sentir, deverá, até ao fim de 2021, chegar perto dos 100 milhões de barris por dia (mbpd), estando, actualmente, acima dos 96 mbpd, e em claro crescimento à medida que o ano avança.
As duas principais figuras da OPEP+, os ministros da Energia saudita, Abdulaziz bin Salman, e russo, Alexander Novak, coincidem na ideia de que a recuperação global forçada pela saída da crise pandémica vai conduzir, naturalmente, a um fortalecimento dos mercados, garantindo preços flutuando acima da fasquia dos 70 USD nos próximos meses.
Esta perspectiva está claramente cimentada nos dados oriundos das grandes economias, como a da China, dos EUA e da União Europeia, que apontam para um substancial aumento no consumo da matéria-prima.