Foi na segunda-feira que se soube e já hoje, terça-feira, 20, o Governo ruandês, que vai receber 150 milhões de dólares à cabeça e cerca de 20 mil USD por cabeça de imigrante, veio a público mostrar a sua satisfação por poder, finalmente, da seguimento a este "negócio".
As autoridades britânicas, depois de a decisão ter sido anunciada pelo primeiro-ministro Boris Jonhnson - entretanto demitido - e depois confirmado pela sua sucessora, apenas por 45 dias, Liz Truss, e agora por Rishi Sunak, justificaram este altamente polémico "negócio" com a necessidade de dar resposta à impossibilidade de acolher mais ilegais que diariamente atravessam o Canal da Mancha da França para a Inglaterra.
Mas para as organizações de defesa dos Direitos Humanos e activistas um pouco por todo o mundo, consideraram de imediato este acordo entre Londres e Kigali como uma forma abjecta de tratar seres humanos fragilizados oriundos de países problemáticos, muitos deles da fome e da guerra, que buscam chegar ao Reino Unido por se tratar da antiga potência colonial e não existirem barreiras linguísticas, apesar de serem cada vez maiores as barreiras legais de acesso.
Este "negócio" (ver notícias do NJ aqui, aqui e aqui sobre este assunto) profundamente controverso foi agora concluído e na capital ruandesa, onde, a troco de 150 milhões USD à cabeça e mais de 20 mil USD por cabeça de migrante, independentemente da sua origem, se vai dar acolhimento a milhares de pessoas, muitas delas sem sequer saberem onde é o Ruanda, apenas para libertar o Reino Unido da sua presença.
Todavia, a justificação do Governo de Londres tem sido reiterada apesar da contestação, apresentando números alarmantes, pretensamente justificados pelas imagens que se multiplicam pelas televisões de todo o mundo, com pequenas embarcações a chegarem à costa de Inglaterra todos os dias, com pessoas sem documentos legais e oriundas de África e da Ásia, muitas delas menores e ou famílias inteiras em busca do seu "el dorado", como sucede com igual fervor nas costas sul da Europa oriundas das costas do norte de África.
O porta-voz do Governo ruandês, Alain Mukuralinda, citado pelas agências, veio já dizer publicamente que esta decisão dos tribunais britânicos é "um passo importante para resolver a crise global das migrações ilegais".
O porta-voz do Governo de Paul Kagame acrescentou que a decisão vai permitir encontrar novas soluções e novos caminhos que as convenções internacionais e acordos não foram capazes de ultrapassar.
Esta decisão judicial foi tomada agora porque, depois de assinado o acordo, quando, em Junho deste ano, o primeiro avião com ilegais se preparava para deixar Londres rumo a Kigali, uma ordem de um tribunal, respondendo a um pedido de activistas pelos Direitos Humanos, suspendeu a partida in extremis.