Com as televisões de todo o mundo a transmitirem em directo a sucessão de ataques a Gaza pela aviação e artilharia de longo alcance de Israel, o extremista chefe do Governo israelita apareceu nos ecrãs a aumentar a tensão, prometendo não só manter como aumentar a intensidade dos ataques contra a Faixa de Gaza e contra as estruturas do Hamas.
Quando se pensava que a ameaça das Brigadas Al-Qasam, o braço armado do Hamas que executou a mais intrusiva operação militar em territórios de Israel em muitas décadas, na madrugada de Sábado, 07, de matar um dos mais de 180 reféns feitos entre israelitas e cidadãos de países ocidentais por cada bomba israelita sobre Gaza, a resposta de Netanyhau foi frisar de forma ruidosa que só não para como a caga de ataques vai recrudescer nos próximos tempos.
Benjamin Netanyhau, que começou por pedir a formalização de um Governo de unidade nacional para lidar com esta crise severa, promete mesmo refazer toda a realidade do Médio Oriente expurgando desta vasta e turbulenta geografia o grupo Hamas,com uma sucessão em crescendo de ataques na densamente povoada Faixa de Gaza, que, até agora, teve como alvos alegados edifícios onde estavam serviços e sedes do Hamas e das suas brigadas militarizadas, mas também unidades de saúde, universidades, e áreas claramente civis, como o campo de refugiados de Jabalaia.
Face à densidade dos ataques, que se prevê puderem evoluir para uma invasão terrestre de Gaza, como o promete a concentração de mais de 300 mil reservistas nas imediações deste território, além de milhares de viaturas, incluindo carros de combate pesados e peças de artilharia, a comunidade internacional está em grande velocidade a tentar travar a loucura absoluta que alguns analistas consideram ser esta opção do Governo de Jerusalém Ocidental, onde está a nova capital de Israel.
Para já sem sucesso, mas com uma perspectiva de todos os esforços serem inúteis, como o demonstram os mais de 1.500 alvos atingidos em Gaza, mas também a forma como neste discurso intenso e curto de Netanyhau se referiu à chegada às costas de Israel de uma frota poderosa dos EUA, capitaneada pelo porta-aviões USS Gerald Ford, que, pelo que foi possível apreender das palavras do primeiro-ministro, está ali para apoiar inequivocamente esta opção pela guerra total contra o Hamas e as restantes forças militarizadas na Palestina.
Parecendo claramente que Netanyhau, que vivia tempos de grande stresse na política interna, não só devido às acusações de corrupção mas também a contestação popular ao seu plano de reforça da Justiça no país, e que pode conseguir sacudir com esta guerra, pretende arrastar os Estados Unidos paraa sua guerra na Palestina e, por conseguinte, em todo o Médio Oriente, porque o pensamento israelita está no Irão, suspeito de ter estado por detrás da organização do ataque do Hamas, apesar de Teerão ter negado categoricamente essa acusação, país com quem Washington tem velhas contas a ajustar.
"Isto é apenas o início e dias de extrema dureza estão a chegar para a região, admitiu o chefe do Governo israelita, sublinhando que que esta guerra está para durar o tempo que for preciso...
E se antes do seu discurso os bombardeamentos sobre Gaza era quase ininterruptos, momentos depois estes voltaram a incendiar o "sky line" de Gaza como se podia ver nos ecrãs dos canais internacionais a transmitir em directo.
"Apenas começamos a atacar o Hamas e o que vamos fazer aos nossos inimigos vai reverberar por muito tempo em todo o Médio Oriente por gerações", disse, acrescentando que, apesar das ameaças das Brigadas Al Qasam de mater um refém israelita por cada ataque em Gaza, Netanyhau garantiu que estavam a tentar tudo fazer para os libertar das mãos dos "terroristas" que vão agora "perceber o erro que cometeram ao atacar desta forma Israel".
Por toda a imprensa internacional somam-se as análises que questionam a narrativa oficial desta "guerra", com alguns a admitirem se difícil aceitar que Israel, uma potência mundial na obtenção de informações estratégicas através da sua intelligentsia, tenha sido surpreendido como aparentemente foi pela manobra fina do Hamas e do seu braço armado.
Em cima da mesa está agora a possibilidade de se ter tratado de uma operação teatralizada para obter a justificação perfeita para lançar uma operação de grande envergadura com o apoio dos EUA e dos seus aliados europeus contra os movimentos nacionalistas palestinianos.
Recorde-se que quase todos os países europeus e a União Europeia vieram de imediato demonstrar o seu apoio incondicional a Israel, cortando o apoio humanitário totalmente.
Enquanto isso, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que parece ter sido apanhado sem norte nesta perversa manobra, se tal cenário se vier a revelar como acertado, embora seja de uma tremenda complexidade organizacional, veio igualmente lembrar que esta situação actual em nada contribui para uma paz duradoura na Palestina e que as negociações que há décadas apontam como solução a criação de dois Estados nesta intrincada região são o único caminho sensato a seguir.
Guterres pediu um imediato cessar-fogo, de ambos os lados, pediu que a voz da razão seja ouvida tanto em Gaza como em Israel e que o "ciclo vicioso dos banhos de sangue" tem de ser interrompido, ao mesmo tempo que criticava as acções de ambos os lados, incluindo o bloqueio total declarado por Israel a Gaza.
Perto das 20:30 desta segunda-feira, 09, tanto o Hamas como Israel recusavam existir qualquer hipótese de iniciar conversações para um cessar-fogo.