A Nigéria é, além da maior economia do continente, o maior produtor de petróleo e o mais populoso dos 54 países que perfazem o mapa africano, com mais de 220 milhões de habitantes, o que faz desta crise económicas um barril de pólvora pronto a rebentar.

Por entre rumores de tentativas de golpe de Estado militar, que foram, na semana passada, suficientemente levados a sério para que o Governo do Presidente Bola Tinubo tenha vindo desmentir qualquer anomalia nos quartéis, a Nigéria mostra agora vários sinais de perigo.

O último foi a constatação de assaltos sucessivos aos armazéns da NEMA, que é a organização nacional nigeriana para as situações de emergência alimentar, obrigando a sua direcção a anunciar um reforço da segurança em todos os locais onde tem estes armazéns.

Esta não é a primeira vez nos últimos meses que turbas humanas revoltadas assaltam locais de armazenamento de bens alimentares, embora tal tenha sucedido ao longo de 2023 em lojas comerciais e grandes supermercados, e não como agora nos armazéns que garantem ajuda aos mais desesperados.

A par destes pilares das crise, como a fome, o desemprego e a inflação, a Nigéria confronta-se actualmente com um desastre cambial, com a Naira, a moeda nacional, a deslizar para total irrelevância devido ao que e agora seguro conjunto de medias de política monetária.

E os sindicatos já começaram a anunciar protestos populares e laborais de larga escala se o Governo de Bola Tinubo não avançar com medidas eficazes de combate à fome e à miséria qie grassa actualmente no país.

Uma das exigências em cima da mesa de Bola Tinubo é a abertura de todos os armazéns de bens alimentares do país para que estes sejam distribuídos equitativamente pelo povo esfomeado.

O mais recente caso ocorreu em Abuja, onde um destes armazéns, dos maiores do país, foi assaltado por hordas que durante horas esvaziaram o local de milhares de toneladas de alimentos (ver foto).

Uma das demonstrações mais evidentes do mal que corrói o mais populoso país de África é a imparável vaga de assaltos no noroeste, perpetrados por grupos de centenas de homens armados em motorizadas que varrem aldeias inteiras, deixando um rasto de caos e desordem.

Além disso, o país vive uma tragédia permanente há décadas no Delta do Níger, onde se concentra o grosso da sua produção petrolífera, mais de 2,5 milhões de barris por dia, com derrames gigantescos provocados pelos roubos de crude que alimentam milhares de refinarias ilegais e artesanais...