Vladimir Putin, que enfrenta eleições Presidenciais dentro de 15 dias, deixou claro que não é o espectro da derrota eleitoral que o atormenta, é a "ameaça sobre a Rússia" que diz estar no Ocidente, para a qual garantiu que a Rússia tem armas invencíveis.

"Eles estão a preparar-se para atacar o nosso território e usar para isso as suas mais efectivas forças", avisou Putin, claramente a inserir na Federação as regiões anexadas entre 2014 e 2022 no sul/sudoeste da Ucrânia.

"Mas nós lembramo-nos do destino de todos aqueles que ousaram no passado tentar invadir o nosso território, mas o que espera hoje quem o fizer será muito mais trágico", alertou, deixando em evidência a disponibilidade para recurso às armas nucleares.

"As nossas forças nucleares estratégicas estão em total prontidão", avisou logo no início deste discurso à Nação na Duma, o Parlamento da Federação Russa.

Alias, esta questão contém poucas novidades, porque já em 2022, a seguir à invasão russa da Ucrânia, tanto Putin como o seu homólogo norte-americano, Joe Biden, admitiram que um confronto entre a Rússia e países da NATO levaria, inevitavelmente, a um confronto nuclear.

"O que nós podemos fazer a quem nos atacar é, seguramente, muito mais devastador que aquilo que eles nos podem fazer a nós", enfatizou, para referir de seguida que a Rússia "tem armas que os podem derrotar no seu próprio território e contra as quais nada podem fazer".

"Eles (o Ocidente) têm de perceber que nós temos armas que os derrotariam no seu próprio território. É claro que isto é muito perigoso porque pode claramente despoletar uma guerra nuclear. Será que eles percebem o que está em causa?", disse, citado pelos media internacionais.

Numa curiosa referência à falta de experiência dos seus interlocutores ocidentais, Vladimir Putin notou que "essa gente não tem a experiência de ter passado por situações árduas e extremas, não têm ou esqueceram o significado disso, mas nós temos essas experiências".

"Nós passamos pela guerra no Cáucaso, por exemplo, e agora estamos no conflito na Ucrânia, sabemos o que é viver estes momentos extremos", avisou ainda, dirigindo-se ao que chamou "o ocidente com as suas tendências colonialistas que querem atrofiar o desenvolvimento russo".

Defendeu que o objectivo do Ocidente, terminologia que designa, na boca do chefe do Kremlin, os EUA e os seus aliados europeus, é "não apenas conter o desenvolvimento russo mas também destruir a Federação Russa e usar o seu vasto território para o que bem entenderem", incluindo nesse projecto a Ucrânia.

"O Ocidente é totalmente hostil para connosco. Estão absolutamente determinados a introduzir a discórdia entre nós para nos enfraquecerem, mas os cidadãos da Rússia estão convictos da sua independência e liberdade e da relevância de serem eles a escolher o seu futuro", adiantou.

Aproveitou, neste evoluir do discurso, para garantir que a Rússia vai "cumprir todos os seus objectivos na Ucrânia" que passam, reafirmou, "libertar os novos territórios no contexto da operação militar especial".

Acrescentou o já conhecido argumento da necessidade de "acabar com o nazismo" ucraniano, deixando sobressair a ideia renovada aqui de que "todos os objectivos traçados para esta operação serão atingidos e ninguém poderá impedir que isso suceda".

No capítulo da economia russa, Putin, sem esquecer as severas sanções aplicadas ao país por EUA e União Europeia, lembrou que os BRICS, organização que partilha com China, Índia, Arábia Saudita, Brasil e mais meia dúzia de países, vai em breve ultrapassar o G7 em Paridade do Poder de Compra (PPC), subindo para os 36,6 % em 2028 enquanto a organização das sete economias mais industrializadas do Ocidente cairá para os 27, 8 %.

E colocou como objectivo nacional levar à Federação Russa à condição de 4ª maior economia mundial, o que está assente no aumento do investimento que subiu 26, 6 por cento nos primeiros 9 meses de 2023.