A condenação, expressa numa declaração de uma porta-voz do Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, surge depois de pelo menos três pessoas terem sido mortas em protestos em massa no Sudão contra o golpe, de acordo com o Comité Médico Sudanês.

A porta-voz disse que também estão "muito preocupados" com a detenção de jornalistas neste país africano e salientou que "a liberdade de expressão, o acesso à informação e a capacidade de comunicar são partes integrantes das liberdades básicas e dos direitos humanos universais".

A UE apelou novamente à libertação de todas as pessoas detidas desde 25 de outubro, incluindo jornalistas.

"Consideraremos as autoridades responsáveis pelas violações dos direitos humanos e pela falta de protecção da população civil, induzidas desde o fim do processo de transição democrática", segundo a declaração.

A UE apelou aos militares para que voltem ao caminho do "diálogo justo e aberto com os civis", como aconteceu em agosto de 2019, e observou que as intervenções do exército desde o golpe "estão a arruinar muito do progresso feito sob o regime civil, no pleno respeito pelas aspirações democráticas da população sudanesa".

"Isto terá consequências graves para o apoio da UE", que o povo sudanês "não merece", advertiu, sublinhando que "só um regresso ao diálogo inclusivo assegurará a liberdade, a paz e a justiça para todos no Sudão".

Nos últimos dias, a comunidade internacional e organizações como as Nações Unidas têm instado os militares sudaneses que perpetraram o golpe a permitir que os cidadãos protestem livremente, após as manifestações que se seguiram ao golpe terem resultado em pelo menos 14 mortes.

Em 25 de outubro, o líder militar sudanês, general Abdelfatah al Burhan, declarou o estado de emergência e dissolveu os corpos criados para a transição democrática no país africano, além de prender o primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, que se encontra em prisão domiciliária.