O embaixador norte-americano no Conselho de Segurança das Nações Unidas foi o único a vetar a resolução apresentada por um conjunto de países da Liga Árabe onde é exigido um cessar-fogo a Israel nas suas operações em Gaza que, em quatro meses, já fizeram mais de 30 mil mortos entre a população civil e acima de 70 mil feridos.
Esta é a 3ª vez que Washington impede o mundo de exigir um cessar-fogo a Israel sob a alegação de que Telavive tem o direito à autodefesa perante a ameaça do Hamas a partir de Gaza, impedindo que a selvajaria em curso no território palestino seja travada, mesmo perante os milhares de mortos já registados desde 07 de Outubro, quando os combatentes palestinianos lançaram um ataque sobre o sul israelita deixando um rasto de 1200 mortos e dois mil feridos.
A resposta israelita, que não conseguiu ainda atingir nenhum dos três objectivos a que se propôs, que são liquidar totalmente o Hamas, libertar os prisioneiros israelitas levados para Gaza e garantir que este território deixa de ser uma plataforma de ameaça aos territórios de Israel, embora tenha já conseguido matar cerca de 30 palestinianos por cada israelita morto a 07 de Outubro, além dos mais de 50 feridos em Gaza por cada um em Israel naquele dia.
A resolução foi apresentada pela Argélia, e apoiada pelo restante universo árabe, obtendo 13 aprovações e apenas um não, que veio de um dos cinco membros que têm direito de veto no Conselho de Segurança, os EUA, que viram os seus aliados França e Reino Unido (abstenção) divergirem no voto, além da Rússia e da China, já esperados.
Recorde-se que Gaza é um território exíguo, na Palestina mediterrânica, com apenas 365 kms2, dispostos numa faixa de 40 kms de extensão e 10 de largura, entalada entre o mar, Israel e o Egipto a sul, com mais de 2,3 milhões de habitantes, entre estes cerca de de 1,2 milhões deslocados e a viver em condições precárias, sem alimentos e água suficientes e com 90% das unidades hospitalares e 75% dos edifícios destruídos pelas forças israelitas.
Entretanto, em Haia, nos Países Baixos, na sede do Tribunal Internacional de Justiça, o representante dos EUA, Richard Visek, enviado pelo Departamento de Estado, que optou por uma estratégia que não esconde a sua condição de aliado incondicional de Telavive, mesmo perante as atrocidades israelitas em Gaza.
VIsek aludiu à condição do tribunal que impõe que não seja considerado apenas a acção de um dos lados, voltando ao argumento já gasto, devido à evolução do conflito deste 07 de Outubro, de que Israel tem o direito à autodefesa face à ameaça do Hamas, notando, na transcrição do seu depoimento feito pelos media presentes no local, que os EUA entendem que as acções de ambos os lados devem ser tidas em conta no juízo do TIJ.
Este julgamento surgiu com um processo desenrolado pela África do Sul, há cerca de dois meses (ver links em baixo nesta página), contra Israel, que Pretória acusa de estar a praticar actos que configuram os requisitos para serem considerados genocídio contra o povo palestino.
Com o evoluir da situação catastrófica em Gaza, Israel, exceptuando os Estados Unidos, está a ficar mais e mais isolado na área internacional, com a vaga de manifestações a inundar o mundo inteiro, primeiro no universo árabe, mas depois na Europa e nos EUA, tendo já chegado ao próprio país, como o deixam em evidência os recentes protestos em Telavive, juntando milhares de pessoas contra a guerra e contra o Governo mais radical da história de Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu mas suportado por partidos de extrema-direita e religiosamente fanáticos.