Este escasso optimismo de Jan Hatzius, que é uma das figuras mais importantes de uma das maiores casas financeiras do mundo, a Goldman Sachs, para a maior economia planetária, resulta de um conjunto de factos, como a inflação, o desemprego e os salários, em grande medida desequilibrados devido aos efeitos da guerra da Ucrânia e das sanções aplicadas pelo ocidente à Rússia, ou ainda dos efeitos da pandemia da Covid-19, como já outros especialistas têm feito referência.
Os mercados não se mostram em pior estado porque estão ainda a ser influenciados por quebras no fornecimento da matéria-prima a partir da Líbia, devido ao conflito interno, que levou ao encerramento de portos de embarque e pela previsível abertura dos confinamentos em larga escala na China, como é disso exemplo a cidade de Xangai, que colocou, durante semanas, mais de 25 milhões de pessoas fechadas em casa.
O barril de Brent, a referência para as ramas exportadas por Angola, está hoje a ser transaccionado nos mercados, perto das 11:00, hora de Luanda, a 108,10 USD, mais 0,75% que no fecho de terça-feira.
Para Angola, manter o barril acima dos 100 USD é estrategicamente importante para, enquanto assim se mantiver, dar um forte impulso ao combate à crise económica que o País atravessa, sendo, como se sabe, fortemente dependente das exportações de crude para isso.
A razão é igualmente conhecida: o petróleo responde a 95% das exportações nacionais, a mais de 35% do PIB e a mais de 60 por cento das despesas de funcionamento do Estado.
Apenas a fraca performance da produção nacional atrapalha estas contas, visto que Angola tem vindo a diluir o seu potencial produtivo, está hoje inferior a 1,1 milhões de barris por dia - já foi mais de 1,8 milhões em 2008/09 -, o que retira alguma margem de manobra ao Executivo de João Lourenço na gestão desta crise, que começa, face aos números mais recentes, a sair agora de um período de cinco anos consecutivos de recessão.