O Brent, em Londres, o mercado de referência mais importante para as exportações angolanas, estava esta quinta-feira a ganhar mais de 12 por cento, para os 25 USD por barril, perto das 14:40, contrastando de forma evidente com os 19 USD que valia há cerca de uma semana, enquanto o WTI de Nova Iorque estava, à mesma hora, a valer 16,8, mais 11,62% que no fecho de quarta-feira.

Por detrás deste movimento ascendente do valor da matéria-prima estão, essencialmente, o abrangente fluxo de economias que anunciam a reabertura depois de, nalguns casos, dois meses de severo confinamento, com tudo praticamente fechado, sendo disso exemplo os EUA, a maior economia global, que, apesar de liderar o número de novos casos e mortes pela Covid-19, está num processo acelerado de reabertura da sociedade e da economia em particular.

Mas a entrada em vigor, já na sexta-feira, 01 de Maio, do plano de cortes na produção da OPEP+, a organização que junta os Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e 10 não-alinhados liderados pela Rússia, que vai retirar 10 milhões de barris por dia (mbpd) à oferta, tem igualmente um papel determinante nestes dias risonhos para o ouro negro.

Porém, estes 10 mbpd retirados à oferta poderão ter um efeito de pouca duração porque a crise económica que abalou o mundo no rasto da pandemia da Covid-19, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE) levou a uma redução de 30 mbpd no consumo, fazendo descer a procura de cerca de 100 mbpd para apenas 70 mbpd, o que leva a que se mantenha ainda, pelo menos, um buraco de 20 mbpd por preencher do lado do consumo.

Esse buraco, segundo os especialistas, só poderá ser totalmente tapado com o desconfinamento e a reabertura das economias em curso, mesmo que de forma paulatina, e com uma cura eficaz para a doença provocada pelo novo coronavírus que esmaga o mundo desde que foi descoberto na China em meados de Dezembro de 2019.

Mas há ainda uma boa nova para os países cujas economias são largamente dependentes das exportações de crude, como é o caso de Angola, onde este representa 95% das suas exportações e 35% do seu PIB, que é o facto de, contrariamente ao que diziam os especialistas, como a Goldman Sachs, em meados de Abril, a capacidade de armazenamento das reservas estratégicas mundiais está a demorar mais para ser atingido o limite, o que permite a continuação das compras por parte das grandes economias.

Os mercados, segundo estão a noticiar hoje as agências e os sites especializados, estão ainda a reagir de forma optimista aos anúncios de novos medicamentos para a COvid-19 e aos testes em humanos de vacinas em produção da China, nos EUA ou, entre outros, na Alemanha.