Depois de na quinta-feira ter dado entrada no Tribunal Constitucional (TC) de um processo que visa anular as eleições de 24 de Agosto, por diversas ilegalidades - o prazo legal do Tribuinal para decidir é de 72 horas -, Adalberto Costa Júnior aproveitou esta comunicação, feita já depois das 23:30 de quinta-feira, e após ter sido anunciada pelo partido várias horas antes, para informar que a contagem das actas síntese pelo centro de escrutínio paralelo da Frente Patriótica Unida ainda não terminou.

Mas deixou claro que os resultados conseguidos até agora nesta contagem permitem-lhe insistir no que já dissera a 26 de Agosto, após o anúncio da CNE, que o processo eleitoral não está fechado.

Informou que tem recebido muitas questões sobre este compasso de espera para uma posição da UNITA admitindo que existem duas razões para isso: "Uma relacionada com o contencioso eleitoral cujos prazos, em execução neste momento e previstos na lei procuramos respeitar e a outra diz respeito a contagem paralela (das actas síntese), um processo sensível e complexo que se encontra agora na sua fase final".

"Hoje temos muito mais dados do que tínhamos há uma semana e reafirmamos que no dia 24 de Agosto o povo votou na mudança, pelo que a UNITA e seus parceiros da FPU não reconhecem os resultados definitivos publicados esta semana pela CNE, porque estes não reflectem a verdade eleitoral", explicou..

Costa Júnior disse esperar que, agora, depois de ter chegado ao TC o recurso da UNITA sobre os resultados divulgados pela CNE, que estes órgãos "desempenhem verdadeiramente as suas funções no estrito respeito à Constituição e às leis".

Disse esperar que a CNE "não se furte em confrontar as actas em sua posse com as cópias em posse dos partidos políticos" e acrescentou: "Reafirmo: o MPLA não ganhou as eleições do dia 24 de Agosto.

"Estamos há 20 anos em paz e precisamos de abraçar um verdadeiro estado democrático e de direito, com uma imprensa livre e plural, distinta da pratica da censura, da propaganda e da falta de contraditório que todos os dias continuam a agredir todos os angolanos. Um Estado onde não se exibam as forças de defesa e segurança, forças republicanas, para amedrontar o seu povo", adiantou.

E concluiu prometendo que tudo será feito "para que todos os votos sejam efectivamente contabilizados e respeitados".

O líder do partido do "Galo Negro" foi depois à rede social Twitter sintetizar esta informação enfatizando o não reconhecimento dos resultados definitivos divulgados pela CNE.

"Não aceitamos os resultados eleitorais divulgados. Interpusemos uma acção legal para anular as eleições. Esperamos que a CNE compare as actas que tem com as que deu aos partidos da oposição. Angolanos a UNITA ganhou as eleições! Vamos defender a soberania do povo e o seu voto", escreveu Costa Júnior na sua conta do Twitter.

Nas eleições de 24 de Agosto, o MPLA obteve 51,17 por cento e 124 deputados e a UNITA 43,96 por cento e 90 deputados, de acordo com os resultados finais definitivos divulgados a 26 de Agosto pela CNE.

Entre os partidos mais pequenos, foi o PRS quem chegou mais forte, em 3º, com 1,14%, seguindo-se a FNLA, com 1,06%, a PHA, com 1,02%. Todos estes partidos com dois deputados eleitos garantidos.

A CASA-CE com 0,76%, a APN com 0,48 por cento e PJANGO com 0,42% dos votos não conseguiram qualquer assento parlamentar.

Dos mais de 14 milhões de eleitores inscritos, votaram 6.454.109, o que corresponde a 44,82%, e não votaram mais de sete milhões, correspondendo a 55,18% de abstenção.

O líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, já anunciou que não reconhece estes resultados e deverá agora seguir-se um período de forte contestação nos tribunais enquanto João Lourenço anunciou que a "vitória inequívoca" de 24 de Agosto lhe vai permitir governar "com toda tranquilidade".

Mas, já hoje, o líder da UNITA voltou ao Twitter para deixar recados ao TC, à CNE e ao MPLA.

E, ainda na mesma rede social, escreve que "o Tribunal Constitucional é composto por angolanos como nós. Cabe aos seus juizes decidirem como ficarão na história. Responsáveis por uma fraude que altera os resultados eleitorais ou os que escolheram a democracia, a honestidade e a vontade da maioria dos seus irmãos angolanos".

O partido ainda não apresentou quaisquer actas síntese que provem as suas alegações, estando previsto que o possa fazer nos próximos dias.